30.1.08

AMOR DE CARNAVAL



O dia é grande e as noites são longas. Vem o Galo da Madrugada – hora de subir as ladeiras atrás dos blocos de Olinda, decorar logo no começo o canto que fica mesmo depois que você se vai: “voltei recife foi a saudade que me trouxe pelo braço”. O mundo – se registrou – começa no Recife e a estréia é no Marco Zero: noite de tambores, estrelas do nordeste no palco, gente de todo canto assistindo as alas se abrindo para uma programação e tanto. Céu aberto, mar que não tá pra gente. Fôlego pra dançar o frevo, seguir todo o cortejo do maracatu – que nessa terra muito se tem – e de quebra se conectar no rock alternativo do rec beat. Uma ida com muitas voltas garantidas. Ô Recife! Disso tudo já se sabe e não deu pra esquecer. As coisas vindas dessa terra se espalharam por todo o ano, em programações por todo o Brasil, mais um reforço pra fortalecer a volta pra essa temporada concentrada de pernambucanidade. Voltei! Era pra ser passageiro, mas... “aconteceu tão natural, amor de carnaval”.

* estréia da blogagem coletiva! do carnaval tem aqui e mais sobre no adorei o bloguete, autófago, meio desligado, pixelando e tutu mineiro. vai lá!


foto provisória a procura do autor

25.1.08

È VERO!



Entre o verbo e a estação, um festival a ser contemplado. O II Verão Arte Contemporânea chegou abrindo passagem para a diversidade artística das Minas Gerais, invadindo 15 espaços culturais de BH, de 22 de janeiro até 02 de março de 2008.

O festival é criação de Ione de Medeiros, diretora do Grupo Officina Multimedia da FEA, um dos grupos mais autênticos e expressivos existentes nas bandas de cá, juntamente com Keyla Monadjemi, à frente da produtora Mercado Moderno que assina algumas das melhores produções da cidade.

Juntas elas realizam a segunda edição deste evento que em 2008 amplia seu raio de atuação e garante noites ativas nesses meses em que Belo Horizonte costuma(va) estar bem paradinha.

“Queremos dar visibilidade para pessoas que estão criando, buscando linguagens novas e estão se arriscando sem muitas garantias de ter um retorno rápido”, afirma Ione de Medeiros. Isso se confirma na programação que traz os mais novos e experimentais artistas da cena mineira, nas áreas da música, dança, teatro e artes visuais, todos comprometidos com processos criativos que dialogam com o tempo de hoje.


Em espaços alternativos e oficiais se apresentam 35 grupos ou artistas envolvidos nas diversas áreas - ou em várias delas. Os espetáculos são todos recentes, montados a partir de 2006 e outros inéditos. “É um festival que abrange várias linguagens artísticas. A programação revela um apanhado amplo da cena cultural mineira”, afirma Keyla Monadjemi, da Mercado Moderno.

Dentre tantos, sem descartar nenhum, destaque para alguns. No segmento teatral, a reconhecida iluminadora Telma Fernandes estréia na direção com o espetáculo “Sobre Mulheres e Coisas”. Na dança, tem novidade com o grupo Movasse – Coletivo de Criação em Dança, que apresenta o espetáculo “Curvas de um quadrado”. Aline Calixto é uma das grandes revelações da música mineira que também participa do evento e o coletivo Kaza Vazia vem quebrar o conceito de arte galeria, ocupando espaços inutilizados, representando as artes visuais. O vídeo também foi incorporado à programação com a temática “Direitos Humanos e Utopias”.

As atenções do festival se voltam para os artistas e também para o público. A idéia, explica Ione, é fazer arte para além do entretenimento, mobilizando o público para assistir uma programação com uma perspectiva mais cultural e mais política também. São vários os incentivos “para o público sair de casa, sair da frente da tv e parar de ver as mesmas coisas”: a programação é vasta e atrativa, todos os trabalhos são autorais e os preços são acessíveis, sendo 10 reais (inteira), 5 reais (meia) e algumas atrações gratuitas.

FAÇA VOCÊ MESMO

A produção do II Verão Arte Contemporânea é um caso à parte. O pontapé inicial para a realização do festival é dado pelas realizadoras. O trabalho segue com a participação de todos os artistas. “Esse projeto nasceu num contexto de não ter verba, de auto-gestão dos grupos, é um projeto conjunto. A proposta é bem transparente e quem topa sabe o trabalho que tem pela frente”, explica Keyla Monadjemi.

A dinâmica de produção do festival é diferenciada. Não existe cachê ou ajuda de custo. “Nós assumimos a construção ideológica e ‘geográfica’ do festival, mas cada grupo está gerenciando sua própria produção, sendo que o lucro de bilheteria é deles”, explica Ione. Tá pensando que eles acham ruim? “Os artistas recebem a idéia super bem. A gente faz as informações circularem e todo mundo acaba contribuindo para o todo acontecer. Os grupos se identificam com a proposta e com a oportunidade de estar em cartaz em janeiro e fevereiro, circulando em áreas diferentes”, completa Keyla.

Diferente em todos os aspectos, o Verão Arte Contemporânea busca o diálogo com a época atual, com a diversidade e com a quebra de fronteiras entre as linguagens artísticas. Pode acreditar, é um interessante convite para se conhecer o novo, arejar as idéias e inspirar mudanças. Saiba mais no www.oficcinamultimedia.com.br/vac.htm


foto Movasse de Arnaldo J. Torres

13.1.08

:: a primeira vez que ouvi::

ALDA REZENDE
SAMBA SOLTO (2001)
“Samba solto”, disco de estréia da cantora mineira Alda Rezende, traz as músicas mais expressivas e empolgantes que ouvi no início do século XXI. Entre o Clube da Esquina e o pop de sempre, Alda Rezende canta a poesia e os sentidos do tempo presente com elegância e estilo próprios. “Samba solto” é pioneiro na cena mineira, onde Alda revela composições inéditas de Kristoff Silva - que assina a produção musical com Paulo Beto - Makely Ka, John Ulhoa, o poeta Renato Negrão, dentre outros. Os tons e a beleza do trabalho se revelam também na arte do encarte, com esculturas de Zé Bento fotografadas por Cao Guimarães e Daniel Mansur. Uma obra prima, “Samba solto” linka com toda a nova música mineira.


BETO VILLARES
EXCELENTES LUGARES BONITOS (2003)
Imagine um talentoso músico incrementando seu processo criativo conhecendo toda a música do Brasil. “Excelentes lugares bonitos”, disco do produtor musical Beto Villares, é isso, um passeio por um Brasil geográfico, artístico e cultural conectado com terras distantes da África pra lá. Ele que foi o produtor do projeto Música do Brasil, de Hermano Vianna, percorrendo o país entre 1998 e 1999 registrando manifestações musicais as mais diversas, estreou no mercado fonográfico com esse delicioso disco, cheio de ginga e ineditismo. A sintonia entre tambores e sintetizadores, as letras jovens e contemporâneas e o encontro do músico com grandes parceiros dão a liga nessa mistura musical que acima de tudo é brasileira. Sem dúvida Beto Villares é um renovador da MPB, o que marca seu “Excelentes Lugares Bonitos” e também as parcerias firmadas com CéU, Zélia Duncan e Pato Fu, alguns dos artistas que ele produziu e que também marcam presença no disco. A obra é toda assinada por ele, as letras, as músicas, as fotos. Da primeira à última faixa, o divirto é garantido.


DAVE MATTHEWS BAND
BEFORE THESE CROWDED STREETS (1998)
A primeira vez eu vi. Rock in Rio 2001, era estréia do Diesel no Palco Mundo. Dentre os shows imperdíveis, lá estava o Dave Matthews Band, grupo que fez brilhar os olhos do Jean enquanto ele adiantava pra gente o que viria por aí. Realmente, bateu e ficou. E "Before These Crowded Streets " foi aquisição certeira ao final do show. Dave Matthews tem uma voz suave e firme, que torna ainda mais interessante suas composições executadas por uma banda de peso, com guitarra, violino (!), bateria, baixo, diversos instrumentos de sopro e um time de backing vocals de primeira. Confirme isso, dentre outras, na faixa "Stay" (Wasting Time), uma das pérolas do disco.


B NEGÃO
ENXUGANDO O GELO (2003)
Ritmo, arte, poesia e consciência no discurso, pulsação na pista. B Negão é A expressão do rap brasileiro. Ele que teve passagem pelo Planet Hemp dividindo o palco com Marcelo D2, lançou em 2003 o seu trabalho solo “Enxugando o Gelo”, ao lado dos ‘Seletores de Freqüência’. O rapper carioca se destaca pelo conteúdo de suas letras críticas e propositivas e pela experimentação musical, que alia o rap ao hardcore, ao dub e ao “funk até o caroço”. “Enxugando o Gelo” marca ainda a parceria do rapper com o coletivo Instituto e está integralmente disponível pra download no site oficial do artista (!) A banda é de peso, o disco é pra cima e faz refletir. Vou parar por aqui, pois sou suspeita. Tem entrevista com ele na casa antiga. Vai lá.

versão da ora boa pro post que começou no blog na larga e rolou também no blog pixelando

8.1.08

FELIZ ANO TODO


Meia volta virada inteira
Cerrado sobre a serra até o Serro
Um novo passo é sempre
O mesmo mais avançado
Um piscar de luz
dá entrada
ao sonho na realidade

Sombra e pedra quente
Água chove serra abaixo
Fim é começo em si mesmo
No horizonte à vista
Um ano todo
Tempo se conquista

Em Conceição do Mato Dentro Naíssa adaptou e fez o verso virar canção