Entre a poesia da canção e a poesia do livro ele penetra em todos os ambientes, transitando tranquilamente pelo que se convencionou chamar de opostos. Ícone da geração anos 80, saltou do mainstream ao circuito independente. Sua criação habita ambos os ambientes.
Clandestino no ambiente musical, solta o verso e vê surgir a música, feita por ele ou por parceiros. A musicalidade dos versos já rendeu várias traduções e até mesmo cinco canções para um “Pensamento”.
Arnaldo Brandão, Neusa Pinheiro, Fernanda Porto, Sérgio Britto e Rômulo Fróes, cada um trouxe à tona a música que saltou desses versos. Pode escolher o estilo e o ritmo, toda gama de variações cabe. Desse poema só, foram cinco versões diferentes.
“O que”, uma “equação filosófica na base de funk”, vai nessa linha de diversa possibilidade. Uma ponte entre abismos imaginários. Gravada no disco “Cabeça Dinossauro” em 1990, essa música já embalou pistas e agora ‘faz cabeças’, como poesia visual no livro “Como é que chama o nome disso” (2006) uma antologia de versos, canções e outros experimentos.
Da palavra à canção, reúne os fragmentos em rascunhos para “ver materialmente as escolhas” que se transformam quase artesanalmente no computador. Tudo isso e um prazer revelado pelos shows, pelo corpo a corpo com a linguagem (!)
“A poesia apresenta o mundo mais do que fala sobre ele”. Num atalho para princípios essenciais, adentrou no mundo dos filhos e com “um olhar que beira o infantil”, lançou em 1992, “As Coisas”, “uma prosa contaminada pelas poéticas” que revela o que de mais incrível está adormecido no óbvio. O estranhamento é comum à poesia, é também princípio de vida. “Saiba” (2004) vem dizer das mesmas coisas e sua obra se vê, amadurece na autenticidade de seu processo criativo.
Arnaldo Antunes inspira a positividade criativa. Surpreendeu ele que sempre pareceu familiar. Essas e outras coisas, ele contou ontem no encontro de abertura do projeto Ofício da Palavra 2008, no Museu de Artes e Ofícios - casa diária desses meus tempos. Muita gente marcou presença no evento que revelou bem de perto esse artista completo, no palco ou na vida.
De lá uma passada no Francisco Nunes, para ver teatro cheio com Kristoff Silva e seu espetáculo contemporâneo, envolvente, cada vez mais impecável. A noite revelou ainda uma novidade quente como salsa, afoxé e música brasileira inédita: show das ‘Morales’, no Recanto da Seresta. Irmãs nas artes, no circo e na percussão, o grupo formado por Jabu, Aline e Adriana Morales tava bem acompanhado de Poliana Tuchia, Maurício Ribeiro, Rafael Macedo, André Ladeira, Ana Lu, Juliana Perdigão e participação de Vitor Santana. Uma música mineira que vai além mar. Ponte incrível entre Minas e Pernambuco. Repertório original de dançar e pedir bis. Teve bom. Belo Horizonte tá que tá (!)
foto márcia xavier
4 comentários:
Quando crescer quero escrever igual a você!!! Arnaldo é um poeta da música, um artista das (várias) formas de se fazer poesia, música, arte gráfica. Acho que no Brasil, quem está ladeado é o Makely Ka. Sua poesias também canta, também toma formas outras. Um espetáculo!
nossa, quanta linguagem!
agora tem ate musica tocando aqui!
nossa, quanta linguagem!
agora tem ate musica tocando aqui!
"o melhor dos amigos sou eles" ;)
beiju pros queridos
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