Makely é desses que conhece bem as etapas da cadeia produtiva, se apropria dos processos e faz de tudo. De tudo mesmo: da gravação à distribuição do seu trabalho. Não que isso seja bom, se não qual o sentido desse texto de apresentação?
Mas também não é exatamente ruim, pois conhecendo e se alinhando às diferentes etapas do processo dá pra ir mais longe com as parcerias. Como vem sendo:
Autófago está na rua
Um “pop” que suporta o peso da poesia crítica de Makely Ka. Autófago traz essa revelação. Makely na evolução de sua carreira solo, construída com base em experimentações e em produtivas parcerias. Pop que não é raso, não tem pressa. Expressa com letras e ritmos todo o anseio do lado de dentro, de quem segue o caminho desse amplo mundo vindo com o novo tempo que ele avista, compreende e critica.
Aposta no suporte simples que sustenta e valoriza sua rima. Música a favor da poesia, poesia a
serviço da música. Arte convidando a uma ‘Endoscopia’, a um posicionamento – aversão à mídia vazia, à apropriação ilimitada das informações.
Infinidade de possibilidades. A criação de Makely Ka se apropria bem disso e não é apenas isso. Na esteira dos artistas que vieram antes e registraram a emoção de uma época em princípio de transição – aí se encontra Torquato Neto, Jorge Mautner, Wally Salomão, Paulo Leminski e outras referências inerentes – “Autófago” vem dizer do seu tempo, do processo “auto-digestivo” de informações tantas e diversas existentes e presentes na obra musical de Makely Ka.
Prática de autofagia (ponte de) música de sentidos, trilha que leva o círculo ao espiral – caminho de ida às voltas. Poeta do dia-a-dia na realidade vazia. Diálogo na era da surdez coletiva, convite para explorar a diversidade brasileira nas letras e melodias, ambas de sua autoria. Recortes e fragmentos, retratos musicais deste nosso novo tempo velho em idade, zerado em referências, perdido entre as leis reguladoras e a liberdade esfuziante das novas tecnologias. Dinâmico e coeso, “Autófago” transita em conflito e harmonia com esse tempo.
Makely, aquele que canta, compõe, escreve, se auto-produz, multiplica ações, encara e confronta o contexto, se impõe na dureza, se faz entender pela clareza de sua expressão. Em versos e canções, experimentando formatos e planos de ação Makely evoluiu no seu discurso e finalizou um produto cultural irretocável. “Autófago” está na rua.
4 comentários:
Adorei o texto, Ludi. Incisivo e muito bonito. Precisamos nos reunir para colocar o programa no ar. Bjs, Cris
É a minha jornalista preferida!
Fala lud, aqui quem fala é Pablo de Cuiaba, entre depois no www.cubista.blogspot.com, to fazendo algumas leituras sobre a cena local e nacional por la, muito bacana a iniciativa do PDM, quero estar nessa com vocês, abraços. Ja esta linkada!:)
Lud, como sabe, fui a Minas e comprei 'Autófago' (não podia mais esperar por alguém que me prometeu umas 'canções' de Minas e nunca mandou. Daí que conhecendo a poesia do Makely não pestanejei e como esperado, não me decepcionei. Pelo contrário, ando divulgando mais e mais o trabalho dele. Beijos e você também já sabe que está perdoada. hehehehehe.
Anderson Ribeiro
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