20.2.08

A OUTRA CIDADE


A Outra Cidade é o resultado do encontro de três compositores, Kristoff Silva, Makely Ka e Pablo Castro, que reuniram suas referências e influências em um trabalho autoral e inovador. Mais do que um CD, A Outra Cidade é um ponto de encontro dessa nova geração de compositores e intérpretes que tem muito o que mostrar.

Este é o primeiro produto acabado apresentado por integrantes do Projeto Reciclo Geral – Mostra de Composições Inéditas, realizado em 2002 e responsável por uma verdadeira ebulição na cena musical mineira desde então, movimentando cerca de 70 nomes entre intérpretes, compositores e instrumentistas como Marina Machado, Virgínia Rosa (SP), Vítor Santana, Alda Rezende, Dudu Nicácio, Renato Villaça, Maísa Moura, Titane, Érika, Mestre Jonas, Vander Lee, Rosa Maria, Anthonio, Amaranto, Juarez Moreira, Sérgio Pererê e Renato Negrão dentre outros. Foram 25 apresentações que lotaram o espaço do Reciclo Asmare Cultural e mostraram a força de articulação e público dessa nova geração.

Kristoff, Makely e Pablo são representantes da nova cena musical e referência para muitos artistas do Estado. Neste trabalho eles convidam intérpretes e músicos já estabelecidos a atuarem ao lado da nova geração, de forma a fortalecer a cena e mostrar a produção que acontece fora do “eixo”. A proposta é trabalhar coletivamente, respeitando a diversidade. Para tanto o CD reúne representantes de diversos núcleos, como os porta-vozes dos grupos de percussão Elefante Groove, Trovão das Minas, Tambolelê, a Orquestra Mineira de Rock e a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais.

As composições dos três músicos presentes no CD A Outra Cidade, dialogam com as mais diversas tradições da canção brasileira, com originalidade e ousadia, não sendo facilmente rotuladas num estilo. O CD conta ainda com arranjos de Avelar Jr., programação eletrônica de Lucas Miranda e participação de artistas como Titane, Alda Rezende, Marina Machado, Regina Spósito, Flávio Henrique, Amaranto, Patrícia Ahmaral, Anthonio, Sérgio Pererê, Paula Santoro, dentre outros. Pequenos, mas muitos detalhes fazem do disco A Outra Cidade um produto único e ao mesmo tempo múltiplo.

Kristoff, Makely e Pablo. Cada um trouxe uma característica, um estilo que foi se fundindo. Na verdade cada um é uma peça desse quebra-cabeça que se chama A Outra Cidade. Harmonia, ritmo e melodia. Kristoff, Makely e Pablo. A música de uma nova época, complexa, interconexa, paradigmática.


* post em homenagem aos 5 anos de lançamento deste CD tão representativo da cena musical mineira. marco do início da parceria com os então cabeludos compositores

foto helena leão

30.1.08

AMOR DE CARNAVAL



O dia é grande e as noites são longas. Vem o Galo da Madrugada – hora de subir as ladeiras atrás dos blocos de Olinda, decorar logo no começo o canto que fica mesmo depois que você se vai: “voltei recife foi a saudade que me trouxe pelo braço”. O mundo – se registrou – começa no Recife e a estréia é no Marco Zero: noite de tambores, estrelas do nordeste no palco, gente de todo canto assistindo as alas se abrindo para uma programação e tanto. Céu aberto, mar que não tá pra gente. Fôlego pra dançar o frevo, seguir todo o cortejo do maracatu – que nessa terra muito se tem – e de quebra se conectar no rock alternativo do rec beat. Uma ida com muitas voltas garantidas. Ô Recife! Disso tudo já se sabe e não deu pra esquecer. As coisas vindas dessa terra se espalharam por todo o ano, em programações por todo o Brasil, mais um reforço pra fortalecer a volta pra essa temporada concentrada de pernambucanidade. Voltei! Era pra ser passageiro, mas... “aconteceu tão natural, amor de carnaval”.

* estréia da blogagem coletiva! do carnaval tem aqui e mais sobre no adorei o bloguete, autófago, meio desligado, pixelando e tutu mineiro. vai lá!


foto provisória a procura do autor

25.1.08

È VERO!



Entre o verbo e a estação, um festival a ser contemplado. O II Verão Arte Contemporânea chegou abrindo passagem para a diversidade artística das Minas Gerais, invadindo 15 espaços culturais de BH, de 22 de janeiro até 02 de março de 2008.

O festival é criação de Ione de Medeiros, diretora do Grupo Officina Multimedia da FEA, um dos grupos mais autênticos e expressivos existentes nas bandas de cá, juntamente com Keyla Monadjemi, à frente da produtora Mercado Moderno que assina algumas das melhores produções da cidade.

Juntas elas realizam a segunda edição deste evento que em 2008 amplia seu raio de atuação e garante noites ativas nesses meses em que Belo Horizonte costuma(va) estar bem paradinha.

“Queremos dar visibilidade para pessoas que estão criando, buscando linguagens novas e estão se arriscando sem muitas garantias de ter um retorno rápido”, afirma Ione de Medeiros. Isso se confirma na programação que traz os mais novos e experimentais artistas da cena mineira, nas áreas da música, dança, teatro e artes visuais, todos comprometidos com processos criativos que dialogam com o tempo de hoje.


Em espaços alternativos e oficiais se apresentam 35 grupos ou artistas envolvidos nas diversas áreas - ou em várias delas. Os espetáculos são todos recentes, montados a partir de 2006 e outros inéditos. “É um festival que abrange várias linguagens artísticas. A programação revela um apanhado amplo da cena cultural mineira”, afirma Keyla Monadjemi, da Mercado Moderno.

Dentre tantos, sem descartar nenhum, destaque para alguns. No segmento teatral, a reconhecida iluminadora Telma Fernandes estréia na direção com o espetáculo “Sobre Mulheres e Coisas”. Na dança, tem novidade com o grupo Movasse – Coletivo de Criação em Dança, que apresenta o espetáculo “Curvas de um quadrado”. Aline Calixto é uma das grandes revelações da música mineira que também participa do evento e o coletivo Kaza Vazia vem quebrar o conceito de arte galeria, ocupando espaços inutilizados, representando as artes visuais. O vídeo também foi incorporado à programação com a temática “Direitos Humanos e Utopias”.

As atenções do festival se voltam para os artistas e também para o público. A idéia, explica Ione, é fazer arte para além do entretenimento, mobilizando o público para assistir uma programação com uma perspectiva mais cultural e mais política também. São vários os incentivos “para o público sair de casa, sair da frente da tv e parar de ver as mesmas coisas”: a programação é vasta e atrativa, todos os trabalhos são autorais e os preços são acessíveis, sendo 10 reais (inteira), 5 reais (meia) e algumas atrações gratuitas.

FAÇA VOCÊ MESMO

A produção do II Verão Arte Contemporânea é um caso à parte. O pontapé inicial para a realização do festival é dado pelas realizadoras. O trabalho segue com a participação de todos os artistas. “Esse projeto nasceu num contexto de não ter verba, de auto-gestão dos grupos, é um projeto conjunto. A proposta é bem transparente e quem topa sabe o trabalho que tem pela frente”, explica Keyla Monadjemi.

A dinâmica de produção do festival é diferenciada. Não existe cachê ou ajuda de custo. “Nós assumimos a construção ideológica e ‘geográfica’ do festival, mas cada grupo está gerenciando sua própria produção, sendo que o lucro de bilheteria é deles”, explica Ione. Tá pensando que eles acham ruim? “Os artistas recebem a idéia super bem. A gente faz as informações circularem e todo mundo acaba contribuindo para o todo acontecer. Os grupos se identificam com a proposta e com a oportunidade de estar em cartaz em janeiro e fevereiro, circulando em áreas diferentes”, completa Keyla.

Diferente em todos os aspectos, o Verão Arte Contemporânea busca o diálogo com a época atual, com a diversidade e com a quebra de fronteiras entre as linguagens artísticas. Pode acreditar, é um interessante convite para se conhecer o novo, arejar as idéias e inspirar mudanças. Saiba mais no www.oficcinamultimedia.com.br/vac.htm


foto Movasse de Arnaldo J. Torres

13.1.08

:: a primeira vez que ouvi::

ALDA REZENDE
SAMBA SOLTO (2001)
“Samba solto”, disco de estréia da cantora mineira Alda Rezende, traz as músicas mais expressivas e empolgantes que ouvi no início do século XXI. Entre o Clube da Esquina e o pop de sempre, Alda Rezende canta a poesia e os sentidos do tempo presente com elegância e estilo próprios. “Samba solto” é pioneiro na cena mineira, onde Alda revela composições inéditas de Kristoff Silva - que assina a produção musical com Paulo Beto - Makely Ka, John Ulhoa, o poeta Renato Negrão, dentre outros. Os tons e a beleza do trabalho se revelam também na arte do encarte, com esculturas de Zé Bento fotografadas por Cao Guimarães e Daniel Mansur. Uma obra prima, “Samba solto” linka com toda a nova música mineira.


BETO VILLARES
EXCELENTES LUGARES BONITOS (2003)
Imagine um talentoso músico incrementando seu processo criativo conhecendo toda a música do Brasil. “Excelentes lugares bonitos”, disco do produtor musical Beto Villares, é isso, um passeio por um Brasil geográfico, artístico e cultural conectado com terras distantes da África pra lá. Ele que foi o produtor do projeto Música do Brasil, de Hermano Vianna, percorrendo o país entre 1998 e 1999 registrando manifestações musicais as mais diversas, estreou no mercado fonográfico com esse delicioso disco, cheio de ginga e ineditismo. A sintonia entre tambores e sintetizadores, as letras jovens e contemporâneas e o encontro do músico com grandes parceiros dão a liga nessa mistura musical que acima de tudo é brasileira. Sem dúvida Beto Villares é um renovador da MPB, o que marca seu “Excelentes Lugares Bonitos” e também as parcerias firmadas com CéU, Zélia Duncan e Pato Fu, alguns dos artistas que ele produziu e que também marcam presença no disco. A obra é toda assinada por ele, as letras, as músicas, as fotos. Da primeira à última faixa, o divirto é garantido.


DAVE MATTHEWS BAND
BEFORE THESE CROWDED STREETS (1998)
A primeira vez eu vi. Rock in Rio 2001, era estréia do Diesel no Palco Mundo. Dentre os shows imperdíveis, lá estava o Dave Matthews Band, grupo que fez brilhar os olhos do Jean enquanto ele adiantava pra gente o que viria por aí. Realmente, bateu e ficou. E "Before These Crowded Streets " foi aquisição certeira ao final do show. Dave Matthews tem uma voz suave e firme, que torna ainda mais interessante suas composições executadas por uma banda de peso, com guitarra, violino (!), bateria, baixo, diversos instrumentos de sopro e um time de backing vocals de primeira. Confirme isso, dentre outras, na faixa "Stay" (Wasting Time), uma das pérolas do disco.


B NEGÃO
ENXUGANDO O GELO (2003)
Ritmo, arte, poesia e consciência no discurso, pulsação na pista. B Negão é A expressão do rap brasileiro. Ele que teve passagem pelo Planet Hemp dividindo o palco com Marcelo D2, lançou em 2003 o seu trabalho solo “Enxugando o Gelo”, ao lado dos ‘Seletores de Freqüência’. O rapper carioca se destaca pelo conteúdo de suas letras críticas e propositivas e pela experimentação musical, que alia o rap ao hardcore, ao dub e ao “funk até o caroço”. “Enxugando o Gelo” marca ainda a parceria do rapper com o coletivo Instituto e está integralmente disponível pra download no site oficial do artista (!) A banda é de peso, o disco é pra cima e faz refletir. Vou parar por aqui, pois sou suspeita. Tem entrevista com ele na casa antiga. Vai lá.

versão da ora boa pro post que começou no blog na larga e rolou também no blog pixelando

8.1.08

FELIZ ANO TODO


Meia volta virada inteira
Cerrado sobre a serra até o Serro
Um novo passo é sempre
O mesmo mais avançado
Um piscar de luz
dá entrada
ao sonho na realidade

Sombra e pedra quente
Água chove serra abaixo
Fim é começo em si mesmo
No horizonte à vista
Um ano todo
Tempo se conquista

Em Conceição do Mato Dentro Naíssa adaptou e fez o verso virar canção